Sou, Alto e magro, Gordo e baixo , De nariz adunco, Míope não de nascença. De cabelo comprido, A esconder a calvície que desperta, Qual abade, sem barriga. É mais um poeta. Que pensa que sente Para depois dizer que já não sente. É fingidor Mas sente a dor, De maleitas de alma, escondidas. Resguarda-se numa barba farta. De carantonha séria, Esconde as alegrias, Do tempo de criança. De poeta em construção, Aspira, cigarro atrás de cigarro, Em momentos de solidão Sonha saber escrever, Com paixão. De sentimentos Mil, Se esconde. A alegria ou a tristeza São escritos de momentos, Vezes sem fim. De poeta apaixonado Escreve momentos de luxuria. Embora as suas musas, já não o suportem Dada a sua loucura. Com os sentimentos brinca No papel, Qual pintor de tela, Ou escultor de barro. Na vã esperança, De um dia, Não seja apenas lembrança. Se em esquecimento, cair Que seja, por sentir E não seja antes, de ir Por mentir. Eis a minha pessoa Descrita por mim, Os outros que o façam Vezes sem fim.
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