Dezembro.
A tua imagem persegue-me,
Desde criança.
Não sei porque não te esqueço
Nem sei porque te quero.
Mas, a tua imagem…
O teu olhar, triste
E penetrante é algo que não esqueço.
No teu olhar de suplica,
Eu me perco vezes sem fim.
Quantas vezes te olho,
Nos olhos
E me revejo,
Na tua tristeza, não fosse eu homem.
E não te julgasse,
Uma vez mais…
Dos teus olhos,
Vejo lágrimas que rebolam
Pela face.
Não são por ti,
Nem por mim.
São lágrimas, por nós.
Usas uma coroa,
De rei, talvez…
De príncipe de certeza.
Mas é de espinhos!
São os males do Mundo,
Que carregas, por nós.
Morres…
Por cada passo que damos,
Por cada acto que praticamos,
Por cada palavra que pregamos…
Sinto-te por vezes,
Tão perto de mim, e não te vejo,
Mas sinto-te.
Não falas…
Mas eu falo-te. Todos os dias.
Se me ouves não sei,
Mas eu não deixo de o fazer.
Talvez já não me ouças,
Ou não me queiras ouvir,
No fundo… fui eu que te matei.
Sim, fui eu que te preguei,
A essa cruz, que carregas.
Fui eu que te neguei,
Vezes sem conta.
E sou eu que te invoco,
Vezes sem fim…em desespero.
Chamo-te e não me ouves,
Não me ligas, como tantos…
E no entanto
Eu louvo-te…
Morres-te por nós,
No alto de um monte
Pregado a uma cruz.
Do alto nos contemplas,
Talvez, vezes sem fim,
Porquê, eu não sei…
Não sei porque te falo,
Não sei porque te digo isto tudo,
Talvez seja da época…
Sabes é a altura,
Em que nós nos lembramos
Que nos devemos arrepender.
É a altura em que nos lembramos,
Que nos devemos lembrar dos outros,
É a altura em que sentimos,
Que deveríamos sentir.
Sabes é triste,
Mas é verdade,
É a altura em que somos menos arrogantes.
Desculpa-me…Tens que me perdoar
É que eu sou apenas um homem.
Augusto P.Gil
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